19.4.06

80% dos municípios têm ladrões na prefeitura


"A corrupção no Brasil é cultural, é sistêmica... de 5.500 municípios do País, 1.041 já foram investigados. Ou seja, cerca de 20% do total... o que posso dizer é que o percentual de casos em que encontramos corrupção está na faixa de 70%, 80%. Em alguns casos chega a 85%... foram investigados de forma direta cerca de R$ 6 bilhões das transferências federais aos municípios... O modus operandi é extremamente diversificado. A criatividade nacional, a imaginação brasileira, é insuperável... rouba-se muito no Brasil, do Oiapoque ao Chuí."

O fraseado acima é de um homem que percorre municípios do Brasil em busca de desvios de recursos públicos. Há mais de mil dias ele está no comando de uma equipe de auditores que, aleatoriamente, investiga hábitos e costumes da política brasileira.

Jorge Hage Sobrinho é ministro interino da Controladoria Geral da União, onde chegou a convite de Waldir Pires, hoje ministro da Defesa. Implantaram ambos, ainda no início do governo, um programa de investigação nos municípios. Há outros programas e medidas na CGU, mas poucas ações poderiam ser mais precisas para se alcançar porções tão esparsas e significativas do Brasil profundo.

A cada mês, depois de sorteados pela Caixa Econômica, municípios são visitados pelos auditores da Controladoria. Vinte por cento dos municípios do Brasil já tiveram suas contas examinadas. Os números, além de aterradores, explicitam ainda mais a dimensão da hipocrisia de tantos que - em especial no palco das CPIs, assembléias legislativas e câmaras municipais afora - exibem ares de espanto ante a corrupção. Espanto, ao menos, a cada vez que são ligados microfones e câmeras de televisão.

Mas se o flagrante da roubalheira é aterrador, há também boas notícias. Ainda que nada se ouça a respeito em meio a algaravia dos gritos de pega-ladrão, agora basta um computador para se acessar o destino de dois trilhões de reais do dinheiro público, informa o ministro.

Do Oiapoque ao Chuí, ao se digitar www.portaldatransparencia.gov.br se poderá saber quem, nome a nome, lugarejo a lugarejo, recebe o Bolsa Família, por exemplo. Ou que agências de publicidade ganharam contas, e quanto em cada conta. Quais funcionários públicos estão a viajar, para onde e com que verbas. Igualmente, segundo o ministro, o mesmo pode ser feito em relação ao destino do dinheiro em dezenas de outros programas e instituições do governo federal.

(Texto de Bob Fernandes, do Terra Magazine, pego no Diário Gauche)

Qual será o percentual de felinos na prefeitura e na câmara de Sapucaia?
Põe a sapucaia perto do ouvido e sacode. Se miar muito...

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