23.4.06

Os arrecadadores de lixo por dinheiro

Foto da Prefeitura Municipal de Sapucaia do Sul (Fonte)

A empresa Multti serviços limpeza e conservação ltda., de acondicionamento de lixo doméstico e industrial, tem sua sede (e sua sede) em Sapucaia do Sul. Um dos sócios da Multtiserviços chama-se João Freitas Martins Neto, outro chama-se Marcus Speltz Furman e há uma sócia que chama-se Maive Speltz Furman. O Sócio João Freitas Martins Neto é filho do falecido ex-prefeito de Sapucaia do Sul, Valmir Martins. Valmir Martins, quando prefeito, convidou para seu Secretátio de Obras, Marcelo Machado, seu afilhado político, que também em função disto elegeu-se prefeito deste município pelo PMDB e exerce o mandato que lhe foi concedido pelo povo de Sapucaia do Sul.

No dia 10 de janeiro de 2006 a prefeitura, através do vice prefeito em exercício como o prefeito, Gilberto Alves (PMDB), convocou a Câmara de Vereadores a realizar a sua 4ª Sessão Plenária Extraordinária no Recesso Parlamentar, com o objetivo de examinar e votar, entre outros, o Projeto de Lei Executivo nº004/2006 encaminhado com a finalidade de legalizar o recebimento, em nosso Aterro Sanitário Municipal, de lixo (resíduos urbanos, classe II) proveniente do município vizinho de Esteio. Solicitou a apreciação do projeto em regime de urgência, citando para isto o §1º do art. 57 da Lei Orgânica Municipal.

O Projeto foi aprovado com os votos favoráveis dos vereadores Arlenio (sem partido), Claudio Bozo (PMDB), Elton Primorosa (PFL), Ivan Santana (PFL) e Nilton Santos (PSC).

Vencidos foram os limpos votos contrários dos vereadores Adílpio (PT), Avelino (PTB ), Ballin (PT) e de Neri Araújo (PPS).

O argumento expresso pelo poder executivo municipal em favor da aprovação do projeto da vinda do lixo de Esteio para Sapucaia do Sul pelos vereadores, é o de que isto proporcionará arrecadação de dinheiro. Aproximadamente R$40,00 (quarenta reais) por tonelada de lixo. Descontados custos deve dar algo como trinta dinheiros por tonelada.

Realmente, Sapucaia do Sul, O 9º PIB GAÚCHO, precisa arrecadar e guardar o lixo da cidade vizinha para pagar suas contas!!!

20.4.06

Paraíso Ameaçado


Prefeito Marcelo Machado pretende transformar zona rural de Sapucaia do Sul, a mais bela da grande Porto Alegre, São Leopoldo, Novo Hamburgo e região do Vale do Sinos, em um grande lixão, inclusive para resíduos industriais. Porquê?

Transcrição do pronunciamento do Sargento Frederico, do 2º Pelotão - 1º Batalhão Ambiental da Brigada Militar, na assembléia da Associação Rural de Sapucaia do Sul, ocorrida no dia 19 de abril, na sede da Fazenda dos Prazeres, convocada para debater sobre a aquisição de uma área rural efetivada pela empresa Multtiserviços, de armazenamento de lixo doméstico e industrial, com o provável objetivo de fazer um aterro sanitário industrial. O 2º Pelotão Ambiental, com sede em Sapucaia do Sul atende a mais de 20 municípios, na região metropolitana de Porto Alegre e Vale do Sinos.

Sargento Frederico: Agradeço aos presentes o convite que nos fizeram para comparecermos aqui.

A orientação técnica que posso dar é a de que quando seja dado início a obras e/ou medições com vista às obras, vocês entrem com uma ação cível pública junto ao Ministério Público, para que este solicite a documentação hábil e, caso não seja apresentada, possa embargar as obras. Sugiro também que vocês entrem em contato com a FEPAM.

Temos noção de outros aterros industriais que tem por ai, por exemplo o de Estância Velha. A gente chama aquilo de bomba atômica para o futuro. Não sei se algum de vocês já foi visitar algum lixão de resíduo industrial, mas se os senhores entrarem lá, em 4 horas estarão com dor de cabeça. Eu, quando vou lá para fiscalizar, em 4 horas estou com dor de cabeça, imaginem quem mora perto. Tem o risco de incêndio tóxico - gera incêndios espontâneos por dois, três dias seguidos, lançando no ar a contaminação, para as pessoas e a natureza em geral.

Está certa a associação em reunir-se, debater e resistir, chamando os órgãos públicos, a promotoria, para que isto que querem fazer aqui não aconteça - o município de Sapucaia ceder área para outros municípios, para tornar-se aqui o centro tóxico dos lixões da região. Acho que cada município ter o seu local de destino do lixo minora o impacto ambiental, em vez de trazer o lixo de vários locais e contaminar todo um município.
[...]
O ideal seria que nós, digo nós porque eu também sou morador de Sapucaia. Morei dezesseis anos em Esteio, morei também em São Leopoldo, meus parentes moram no Vale do Sinos e eu acho que Sapucaia é o melhor lugar para se morar, quem é aqui de Sapucaia sabe. Poderiam me dar uma mansão para morar em Estância Velha ou Portão, que são cidades da minha área de jurisdição, que eu não quero. Eu fiscalizo aquela região e sei - quando a gente entra lá sente aquele fedorão, aquele mau cheiro de produto químico, devido ao grande número de cortumes que tem lá. Então, se deixarmos entrar esse tipo de lixão aqui, então não adianta conservarmos o horto florestal, o zoológico, porque isto contamina mesmo. Eu sei do que estou falando.

Outro problema que temos aqui no Rio Grande do Sul é o plantio dos transgênicos. Isto está terminando conosco. Na região de Três Passos, onde eu me criei, é plantada a soja transgênica, lá se a gente quiser pescar no rio Uruguai, tem que levar minhoca de outro lugar, porque lá não existe mais, o veneno matou tudo, não se encontra mais formiga, não se encontra mais nada. Frutíferas, qualquer tipo de fruta, moreu tudo, a única que sobrevive é o mamão - chuchu, laranja, abacaxi, eram abundantes e não tem mais nada. Sangas onde a gente ia com caniço e pegava peixes deste tamanho, em alguns minutos enchia o balde, hoje não se acha um lambari, morreu tudo. Pois os produtores vão até lavar o trator dentro da sanga! Vocês imaginem quantos microorganismos tem num hectare de terra, quanta mata ciliar em beira de arroio, aí eles chegam ali e botam um tipo de veneno que mata tudo aquilo e nasce só milho e soja transgênica... Tem fundamento isto aí? Não tem fundamento.
[...]
Nós humanos temos que sobreviver, mas eu acho que a humanidade está destruindo o nosso planeta e logo, desta maneira, não haverá espaço, meios, para nós sobrevivermos. Para quem viu a natureza há trinta anos atrás, e acho que a maioria aqui tem idade para isto, está vendo que muito do que existia já não existe mais. Então se nós deixarmos que tragam o lixão para cá, estaremos deixando que terminem com a beleza, a natureza de Sapucaia. Que cada município cuide de seu lixo, e que nós não fiquemos só com o queimado do pão, fiquemos com a nossa fatia inteira - com o queimado do pão, mas também com o pão.

Estou aqui falando hoje como representante da Brigada Ambiental e como morador de Sapucaia. E como conhecedor do que é um lixão! porque a gente vai lá olhar - se vocês pudessem olhar o que é um lixão - aquele xorume, aquele fedorão, e o que é depositado ali dentro! vocês iam se apavorar, aquilo é uma bomba atômica para o futuro, é terrível de olhar. Imaginem morar perto. Muito obrigado pela atenção e convido a todos, sempre que queiram ou precisem, a ir até o Pelotão Ambiental. Estamos sempre à disposição, para uma orientação, uma solicitação. É uma satisfação para nós prestar este serviço.

19.4.06

80% dos municípios têm ladrões na prefeitura


"A corrupção no Brasil é cultural, é sistêmica... de 5.500 municípios do País, 1.041 já foram investigados. Ou seja, cerca de 20% do total... o que posso dizer é que o percentual de casos em que encontramos corrupção está na faixa de 70%, 80%. Em alguns casos chega a 85%... foram investigados de forma direta cerca de R$ 6 bilhões das transferências federais aos municípios... O modus operandi é extremamente diversificado. A criatividade nacional, a imaginação brasileira, é insuperável... rouba-se muito no Brasil, do Oiapoque ao Chuí."

O fraseado acima é de um homem que percorre municípios do Brasil em busca de desvios de recursos públicos. Há mais de mil dias ele está no comando de uma equipe de auditores que, aleatoriamente, investiga hábitos e costumes da política brasileira.

Jorge Hage Sobrinho é ministro interino da Controladoria Geral da União, onde chegou a convite de Waldir Pires, hoje ministro da Defesa. Implantaram ambos, ainda no início do governo, um programa de investigação nos municípios. Há outros programas e medidas na CGU, mas poucas ações poderiam ser mais precisas para se alcançar porções tão esparsas e significativas do Brasil profundo.

A cada mês, depois de sorteados pela Caixa Econômica, municípios são visitados pelos auditores da Controladoria. Vinte por cento dos municípios do Brasil já tiveram suas contas examinadas. Os números, além de aterradores, explicitam ainda mais a dimensão da hipocrisia de tantos que - em especial no palco das CPIs, assembléias legislativas e câmaras municipais afora - exibem ares de espanto ante a corrupção. Espanto, ao menos, a cada vez que são ligados microfones e câmeras de televisão.

Mas se o flagrante da roubalheira é aterrador, há também boas notícias. Ainda que nada se ouça a respeito em meio a algaravia dos gritos de pega-ladrão, agora basta um computador para se acessar o destino de dois trilhões de reais do dinheiro público, informa o ministro.

Do Oiapoque ao Chuí, ao se digitar www.portaldatransparencia.gov.br se poderá saber quem, nome a nome, lugarejo a lugarejo, recebe o Bolsa Família, por exemplo. Ou que agências de publicidade ganharam contas, e quanto em cada conta. Quais funcionários públicos estão a viajar, para onde e com que verbas. Igualmente, segundo o ministro, o mesmo pode ser feito em relação ao destino do dinheiro em dezenas de outros programas e instituições do governo federal.

(Texto de Bob Fernandes, do Terra Magazine, pego no Diário Gauche)

Qual será o percentual de felinos na prefeitura e na câmara de Sapucaia?
Põe a sapucaia perto do ouvido e sacode. Se miar muito...

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